Sou de uma geração que não estudou nada concernente à sustentabilidade do planeta e o respeito devido ao meio ambiente nem na escola nem na faculdade. Isso porque, o sistema educacional do século passado foi desenhado sem a consciência necessária da unidade indivisível entre o ser humano e o seu habitat terreno. Era como se a raça humana não fizesse parte também da natureza. Os pássaros, selvas, montanhas, oceanos eram estudados como algo separado do homem. Tal conceito criou uma civilização exploratória dos recursos que o meio ambiente oferece sem calcular os prejuízos para o futuro. Como uma raça superior fizemos muito mal aos outros “terranos” que coabitam conosco no planeta. Durante muito tempo o valor que se dava à natureza estava sempre relacionado ao valor econômico que ela gerava à sociedade.
Por falar em valor econômico, é muito interessante notar a origem da palavra economia. Ela é a junção de duas palavras no grego: oikos (casa) + nomia (leis), ou seja, significa literalmente “as regras que regem uma casa”. Sendo que o “oikos” para os gregos era muito mais do que o lugar onde fica minha cama, banheiro ou cozinha. A filosofia grega considerava o mundo como a verdadeira e comum casa de todos nós.
A questão foi que o sistema capitalista sequestrou a palavra “economia” e praticamente reduziu seu significado às questões financeiras. Isso distanciou a humanidade da supraconsciência do que é ser um bom e verdadeiro economista. E, ao invés de cuidarmos bem da nossa casa, a estamos destruindo. A lógica: exploração, produção e consumo está nos levando a uma insustentabilidade socioambiental. Não é de se estranhar que nos acostumamos com expressões como “Recursos Ambientais”, ou, pior ainda, “Recursos Humanos”, onde a natureza e as pessoas se transformam em recursos empresariais para fazer dinheiro e gerar lucros para uma determinada organização.
A boa notícia é que estamos passando por uma transição geracional. Segundo dados da UBS Investor Watch, dois terços dos millennials americanos estão altamente interessados em investimentos ESG. Em 2021, a Deloitte realizou uma grande pesquisa em 45 países com 8,2 mil jovens da geração Z. Nela 26% dos jovens apontaram as mudanças climáticas e a proteção do meio ambiente como a sua principal preocupação e 83% acreditam que a riqueza e a renda estão distribuídas desigualmente. Indicadores que demonstram um novo olhar para a sustentabilidade onde os jovens estão repensando seu papel na economia global.
Precisamos de novos e verdadeiros economistas que tenham uma visão ampla, empática e comprometida com tudo e todos os que nos cercam. Isso será possível através de uma nova educação socioambiental que desconstrua a ideia do antropocentrismo e torne o homem como um administrador respeitoso e serviçal da natureza que lhe foi confiada. E essa é a verdadeira economia, cuidar do planeta como de fato o é: nossa única casa.