A agenda ESG e o impacto sobre as empresas
Desde o início da guerra na Ucrânia estamos presenciando uma nova manifestação de como as empresas, marcas e pessoas estão profundamente interconectadas com a política e governos. Empresas como a Apple, Visa, Mastercard, Toyota, Volkswagen, American Airlines, Netflix, Coca-Cola, Mcdonalds anunciaram que suspenderam ou retiraram as suas operações da Rússia. Para se ter uma noção do impacto financeiro, o valor econômico das empresas somadas é de US 10,7 trilhões quantias que representam quase 7 X todo o PIB da Rússia.
Mas o que explica a decisão tão rápida e radical dessas empresas de pararem de atuar na 12ª maior economia do mundo? A resposta está na reputação da marca. As empresas do novo século estão percebendo que a perpetuidade do negócio depende de ações que se sustentem no médio prazo através de uma resposta concreta à sua responsabilidade social. Precisam compartilhar causas que gerem engajamento através de convergências de propósito. Uma vez que a opinião pública é contrária à guerra, as empresas sabem que não se posicionarem é uma posição muito perigosa que pode gerar prejuízos incalculáveis a sua imagem.
A globalização encurtou os caminhos entre a opinião pessoal e o impacto sobre a percepção de uma marca. A digitalização da sociedade através das redes sociais promove a exposição pública de ideias que as empresas simplesmente não conseguem mais desprezar. Nunca foi tão necessário que todos os movimentos de líderes , empresas e suas marcas sejam friamente calculados, pois certamente estão sendo vigiados. O mesmo acontece quando o assunto é sustentabilidade social e ambiental. O aumento da conscientização sobre as mudanças climáticas e a desigualdade social se combinaram para exigir maior transparência e engajamento nas organizações, tanto privadas como públicas. E é nessa nova realidade de conexões poderosas que a agenda ESG ganhou relevância dentro das empresas.
Além disso, existe uma importante transição geracional em andamento. Segundo uma pesquisa realizada com 14500 pessoas da Geração Z (nascidos entre a metade de 1990 e início de 2010) pelo Bank of America em 2020, apontou que 80% desse público prefere investir e comprar produtos e serviços de empresas alinhadas com as métricas ESG. Tal contexto impacta o futuro do mercado. Segundo levantamento da Bloomberg, atualmente, o mercado de ESG está estimado, globalmente, em mais de US$ 30 trilhões. Até 2025, espera-se que o setor movimente US$ 53 trilhões.
Os americanos chamam de “tempestade perfeita” quando um evento ocorre pela combinação de vários fatores que transformam uma determinada situação em um desastre completo. A ação conjunta de fatores como: globalização, reputação de marca, emergência climática e transição geracional poderão destruir empresas despreparadas para lidar com as mudanças organizacionais.
Não precisa ser um observador atento para perceber que a agenda ESG não é uma modinha corporativa, mas uma evolução social das nossas relações com o meio ambiente, com as pessoas e com os negócios.
Os bons gestores transformarão as ameaças em oportunidades. Estejamos preparados.