As mudanças climáticas é um problema comum de todos nós
A descoberta que moléculas de gases como o dióxido de carbono, o metano e o vapor de água (os que hoje chamamos Gases de Efeito Estufa) bloqueiam a radiação infravermelha são datadas pela ciência desde o século XIX. As mudanças climáticas e os seus impactos sobre o planeta são debatidos e alertados há décadas. E, de uma forma geral, as nações estão conscientes disso. A pesquisa Global Trends Survey da Ipsos, que acompanha desde 2013 as grandes tendências em todo o planeta, mostra que a emergência climática é o valor mais importante para as pessoas ao redor do globo. Dados da pesquisa de 2021 mostram que 91% das pessoas entrevistadas no Brasil concordam com a afirmação: “estamos caminhando para um desastre ambiental a menos que mudemos nossos hábitos rapidamente.” O resultado não foi muito diferente em outros países: Alemanha (84%), França (87%), Itália (90%) e China (92%).
Juntando esses dois fatos: a exposição e a conscientização da mudança climática concluímos que o problema está sendo tratado adequadamente, certo? Errado! Segundo o mais recente relatório da Agência Internacional de Energia (IEA) as emissões globais de dióxido de carbono (CO2) para produzir energia aumentaram 6% de 2020 para 2021, alcançando o nível mais alto da história.
Tal cenário me faz lembrar de uma interessante fábula que é mais ou menos assim:
Em uma fazenda, vivia um ratinho que em certo dia viu uma pequena serpente se esconder dentro do celeiro. Preocupado em não se tornar o almoço da serpente, o ratinho pediu ajuda aos outros animais: a galinha, o porco e a vaca. “Vocês precisam me ajudar! Uma serpente entrou no celeiro hoje de manhã e estou com medo de ser atacado por ela” – disse o ratinho reconhecendo seu triste lugar na cadeia alimentar. Mas apesar do sincero pedido de ajuda, os animais não se interessaram pela sua situação, cada um deu um bom motivo e todos voltaram aos seus afazeres. No dia seguinte, a esposa do fazendeiro, foi ao celeiro e, enquanto mexia no feno foi picada pela serpente e ficou muito doente. O fazendeiro preocupado com a saúde de sua mulher matou a galinha e fez uma boa canja para reanimar sua amada esposa. Os familiares, ao saberem do ocorrido, foram fazer uma visita. O fazendeiro ao receber seus parentes, matou o porco e fez uma feijoada. Após duas semanas, vendo que sua esposa já estava bem de saúde, convidou toda a vizinhança, matou a vaca e fez um churrasco para comemorar.
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Tenho a impressão de que alguma coisa parecida acontece conosco quando pensamos no futuro do planeta. Parece ser uma coisa distante da nossa realidade, um problema dos outros que não nos afeta. Não percebemos a ameaça porque confundimos urgente com importante e assim, deixamos as coisas importantes para trás sem perceber todos os riscos que assumimos com a nossa omissão. É urgente que governos, cientistas, líderes mundiais, empresas e toda a sociedade se unam, de fato , colocando algumas soluções em prática e trabalhando juntos para banir os clorofluorcarbonos (CFCs), substâncias químicas que estão enfraquecendo a camada de ozônio.
Existe uma serpente no nosso celeiro. Ela precisa ser enfrentada e derrotada pelo bem das futuras gerações.